Pesquisadores do IQ testam adoçante natural
ANTONIO ROBERTO
FAVA
Um novo adoçante natural está em desenvolvimento
nos laboratórios do Instituto de Química (IQ) da
Unicamp. Segundo pesquisadores envolvidos nas
investigações, o produto possui um poder dulcífero 1.400
vezes maior que o do açúcar vendido no mercado comum. A
base do novo adoçante é a monatina, um aminoácido
extraído de raízes da Schlerochiton illicifolius, uma
planta encontrada na África do Sul.
"A mistura da monatina com outros adoçantes, como
o aspartame, por exemplo, resulta numa variedade de
sabores que aumenta ainda mais a sua importância
comercial", diz o professor Fernando Coelho, do
Instituto de Química. Ele conclui explicando que quando
se trabalha com esse tipo de composto, os adoçantes têm
um mercado nacional e internacional com aceitação
garantida.
Segundo Ediclea Cristina Fregonese Camargo, que
tem trabalho sobre a substância, o que a levou a
pesquisar a monatina "foi a tentativa de descobrir qual
a parte dela responsável pelo peculiar sabor doce". Ela
buscava elementos para um novo tipo de adoçante. Segundo
a pesquisadora, da estrutura da monatina pode-se obter
outros tipos de adoçante. Embora ainda não esteja
totalmente concluído, o trabalho de Ediclea pode ser
aplicado para o tratamento de uma série de doenças, como
prevê.
"Pude observar que durante a preparação da
monatina existiam estruturas intermediárias que poderiam
ser aplicadas no sistema nervoso central, principalmente
no combate a doenças neuro-degenerativas, como o Mal de
Parkinson, por exemplo", diz. Para o professor Fernando
Coelho, os adoçantes artificiais são produtos largamente
consumidos no Brasil, que se destinam não apenas à
preparação de alimentos, mas também como coadjuvantes no
tratamento de doenças, como o diabetes, e em regimes de
emagrecimento. Fernando Coelho argumenta que há uma
busca internacional muito grande por substâncias que
podem ou não ser de origem natural, que tenham,
sobretudo, potencial dulcífero.
"Quando se está colocando uma substância química
para dar sabor ao café, eu preciso de um elemento com
características que proporcionem um sabor realmente doce
em baixíssima concentração e, ao mesmo tempo, que seja
completamente livre de elementos tóxicos", diz. Essa
toxidade, segundo o professor, pode provocar problemas
sérios de saúde ao consumidor. Pega-se como exemplo uma
pessoa que usa determinado adoçante todos os dias, em
várias ocasiões, mesmo que em pequenas proporções. "Se o
adoçante contém elementos tóxicos, a pessoa que o
consome pode até envenenar-se e ter sérios problemas de
saúde", ressalta.
Ediclea e o professor Fernando afirmam que os
resultados experimentais da preparação da substâncias
que podem ser utilizadas como adoçantes até agora têm
sido muito positivas. Os resultados até agora obtidos
pela pesquisadora fazem parte da dissertação de mestrado
de Ediclea, ainda em desenvolvimento, sobre Preparação
de aminoácidos não proteinogênicos, estrutralmente
relacionados ao adoçante natural monatina, sob a
orientação do professor Fernando Coelho.
(A.R.F.)