A
disciplina de Química Farmacêutica deve ser ministrada com carga horária
suficiente para possibilitar a discussão dos aspectos teóricos e práticos
fundamentais necessários para a compreensão das bases moleculares da ação
dos fármacos. O conteúdo programático mínimo deve contemplar os aspectos
moleculares essenciais ao entendimento da relação entre estrutura química e a
atividade terapêutica. O conteúdo prático precisa estar vinculado ao conteúdo
teórico e ambos devem contribuir para o entendimento da ação dos fármacos
das classes terapêuticas mais empregadas no Brasil.
Também
devem ser incluídos temas conexos, como a origem histórica dos fármacos, com
destaque ao papel dos produtos naturais no surgimento de inovações terapêuticas
clássicas e o estudo de conceitos e fundamentos do planejamento racional de fármacos.
É
importante reafirmar que o desenvolvimento adequado da disciplina de Química
Farmacêutica depende em grande parte dos conhecimentos consolidados a partir
das disciplinas de química orgânica, físico-química, bioquímica e
farmacologia (incluindo a farmacocinética e a farmacodinâmica).
Deliberou-se
ainda que o VIII Encontro Nacional de Professores de Química Farmacêutica, a
ser realizado em Natal – RN, em 2004, aprofunde a discussão sobre o nome mais
adequado para a disciplina de Química Farmacêutica. Até lá, recomendou-se a
utilização do nome “QUÍMICA FARMACÊUTICA
MEDICINAL”.
O
conteúdo desta disciplina deverá ser desenvolvido em carga horária total mínima
de 120 horas, com um conteúdo mínimo de 30 horas em aulas práticas.
A
carga horária total poderá estar dividida entre duas disciplinas, ambas
obrigatórias para todos os alunos do Curso de Farmácia (Núcleo Comum).
Uma primeira disciplina tratando dos aspectos moleculares da ação farmacológica,
propriedades físico-químicas e métodos de desenvolvimento de fármacos. Na
segunda, estes conceitos devem ser aprofundados nas diversas classes terapêuticas,
definidas de acordo com o projeto pedagógico de cada Curso, com ênfase no
estudo das relações entre a estrutura química e a atividade farmacológica e
também nos mecanismos de ação molecular dos fármacos.
Visando explicitar o entendimento dos participantes
do referido Encontro, deliberou-se ainda apresentar uma proposta consensual de
conteúdos inerentes à disciplina de Química Farmacêutica Medicinal, conforme
segue:
DISCIPLINA TEÓRICA OU TEÓRICA E-PRÁTICA
(OBRIGATÓRIA)
CARGA
HORÁRIA MÍNIMA: 60 HORAS
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO MÍNIMO:
-
definição
e importância da química farmacêutica e química medicinal
-
propriedades
físico-químicas dos fármacos
-
ligações fármaco-receptor
(Teoria dos receptores)
-
influência
de grupamentos específicos na ação de fármacos
-
estereoquímica
e atividade farmacológica
-
metabolismo
de fármacos
-
alvos
moleculares de ação dos fármacos
-
gênese de fármacos
-
bioisosterismo
-
hibridação
molecular
-
latenciação
-
noções de
QSAR
-
noções de
modelagem molecular
Bibliografia
- Barreiro, E. J. & Fraga,
C. A. M., Química Medicinal: As Bases Moleculares da Ação dos Fármacos,
ArtMed, Porto Alegre, 2001;
- Patrick, G. L., An Introduction to Medicinal
Chemistry, Oxford University Press, Oxford, 2001;
- Gareth, T., Medicinal Chemistry: An Introduction,
John Wiley & Sons, Chichester, 2000; (já tem a versão em Português, 2003,
Editora Guanabara Koogan).
- Gringauz, A., Introduction to Medicinal Chemistry - Drugs: How Drugs Act and Why, VCH Publishing, 1997.
Esta
disciplina deve ser ministrada após as disciplinas de química orgânica, físico-química,
bioquímica e farmacologia básica, e, paralelamente ou após a(s) disciplina(s)
de farmacologia do ciclo profissional, nunca antes.
Disciplina
2: QUÍMICA
FARMACÊUTICA MEDICINAL
DISCIPLINA TEÓRICA
OU TEÓRICA E PRÁTICA (OBRIGATÓRIA)
CARGA HORÁRIA MÍNIMA:
60 HORAS
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO MÍNIMO:
Classes
terapêuticas diversas, selecionadas de acordo com o projeto pedagógico do
Curso. Devem ser aprofundados os conhecimentos introduzidos na disciplina de
INTRODUÇÃO À QUÍMICA MEDICINAL, com ênfase no estudo das relações entre a
estrutura química e a atividade farmacológica e também nos mecanismos de ação
molecular dos fármacos, quando houver.
Williams, D. A., Lemke, T. L., Foye, W. O., Foye’s
Principles of Medicinal Chemistry, 5a Edição, Lippincott Williams &
Wilkins Publishers, 2002.
AULAS
PRÁTICAS (OBRIGATÓRIAS)
As aulas práticas poderão
estar vinculadas à primeira ou à segunda disciplina, desde que obrigatória
para todos os alunos do Curso de Farmácia e sempre relacionadas ao conteúdo teórico,
sem sobreposição com o conteúdo das disciplinas de farmacognosia e/ou síntese
de fármacos e/ou controle de qualidade. Recomendou-se a definição de aulas práticas
em conformidade com aquelas apresentadas nos livros:
-
Andrei, C. C.; Ferreira, D. T.; Faccione, M.; de Jesus Faria, T. Da química
medicinal à química combinatória e modelagem molecular” – um curso prático.
Editora Manole. 2003
- Fontes Prado, M. A. &
Barreiro, E. J., Prácticas de Química Farmacêutica Y Medicinal, CYTED, 2002.
DISCIPLINAS
OPTATIVAS
Disciplinas optativas poderão
ser propostas conforme as possibilidades de cada IES. Temas sugeridos
-
planejamento de fármacos
-
QSAR
-
modelagem molecular
-
química combinatória
-
latenciação de fármacos